Escuridão densa e espessa 
dias e noites fúnebres 
terra arrasada e doente 
mãos nas pás cavam-se covas razas
moribundos aos montes agonizam nas portas dos hospitais em meio a sacos  de cadáveres empilhados 
oxigênio escasseia nos leitos de morte 
Nossos pulmões se petrificam e os pulmões verdes da amazônia   tratamento de choque!
 câmara de gás de Sul a Norte
E  em meio a obscuras tramas de interesses sinistros 
sob o mando  de um verme torpe que com a frieza de uma autópsia conduz seu povo, a dor e ao suplício 

hordas de famintos se avolumam feito  zumbis atormentados  pela fome lançados  à própria sorte na  indiferença universal de nossas  cidades 
relegados  a uma existência que lhe escapa e os coloca entre a fome  e a morte 
falta-lhes pão e um destino digno
 desalento total 
ambiente hostil e infectado eis o Brasil   a  profundar   a imensa  cova  intransponível  entre os que têm e os despossuídos 
Enquanto nossos algozes qual abutres  se lançam em fúria em meio a cadáveres em putrefação a céu aberto
vil destruição  e esgraçamento  de nosso frágil tecido social 
Desterrados  em nossa própria pátria reduzidos a fátrias em ódios intestinos
 um canto fúnebre se impõe a nossa indiferença
 outras  mortes se somam a morte física
os portadores da morte invocam Cristo em 
nome da  paz dos cemitérios 
e nossos homens sem sombras e sem coração 
nos assombram
entre a treva inesperada e a treva previsível 
tudo é grotesco cruel 
haveria inspiração sem respiracão 

 
Labareda
Enviado por Labareda em 07/04/2021
Reeditado em 11/04/2021
Código do texto: T7226449
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