Uma canção e uma taça de vinho
Uma canção e uma taça de vinho. Uma solidão deixando o vento virar páginas de uma agenda sem nada sobre a mesa da sala. As janelas escutam o tempo no seu galope deixando rastros pelas estradas das vivências.
Uma quietude afaga uma lembrança e despeja uma gota de lágrima na borda do que um dia foi sorriso. O silêncio sibila pelas chicotadas das imagens inesquecíveis de teu corpo. A mente devaneia nas andanças daquelas carícias todas no meio de nosso amor.
Rasgo poesias em versos inteiros, deixando ilusões espalhadas sobre a cama de minhas inspirações. Dos meus desejos, velejo maresias por sobre as ondas de teus prazeres.
A tarde se esvai minguando luzes. Estirada sobre as ruas deixa tocar-se de noite. Um luar pálido vai pegando emprestado as cores do sol, para depois se adornar de pratarias no meio da imensidão do azul tingido de negro. Misteriosa é a impressão certeira das emoções, quando de saudades transbordo-me de ausências tuas. É que na verdade queria você aqui comigo.
E a canção termina no fundo da taça de vinho. E a lágrima segue rolando na companhia de outras tantas que se precipitam pelas faces anoitecidas de ti, no resvalar de teus lábios tantas vezes sentidos.