CHEIRO DE SAUDADE
Aquele barulho na memória
Toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc
E a poeira levantava
Do trotar dos burros e jumentos.
De olhos fechados sinto o cheiro,
Cheiro da fumaça que subia,
Cheiro dos animais que sumiam
E sobretudo, cheiro de saudades.
Quanta simplicidade,
Quanto espaço sem muro,
Quantos sonhos sem tino,
Quantas estrelas no escuro.
De olhos fechados
Encontro meu passado
De menino sonhador
Que sonhava em ser cantor,
Quanta ilusão, ou talvez não;
Esse sonho já passou,
Mas hoje a saudade aperta
E o menino sonhador
Agora sonha em ser poeta.
JOEL MARINHO