A voz do tempo
Não sei se passo por ele, ou se ele passa por mim, mas no silêncio dessas passagens, impassível e implacável, fala-me o tempo ao pé do ouvido, estou contigo hoje, amanhã e ontem. Com a voz mansa e acolhedora, diz-me o tempo sobre as mágoas diluídas e as feridas cicatrizadas, medalhas que carrego na pele.
Todas as manhãs ao acordar, recebo o doce abraço do tempo, que diluindo nas brumas do ontem minhas frustações, vem me falar de um novo hoje, me oferecendo o presente, verdadeiro presente, onde posso recomeçar e me refazer.
Quando fecho os olhos ouço as notas de sua voz a me dizer, que ainda há tempo, que o futuro será inventado hoje, que ainda há tempo de abraçar, de sorrir, de ajudar, de se renascer, sussurra que eu reserve um tempo para Deus, e me diz que todo tempo é o tempo ideal para semear o amor.