A ponte
Falando dos nossos caminhos. De como cruzá-los com simplicidade, fé e coragem, usando a roda propulsora dos sonhos, o amor da amizade verdadeira, o afeto pela vida de cada um dos seres vivos e a poesia da alma, que transpassa para este espaço que não é físico, mas é tão concreto pra nós que chega a ficar confuso na nossa mente, venho hoje falar diretamente dos medos e fobias.
O meu medo é de "pontes".
O seu qual é? Já identificou? Ou prefere não ver e admitir?
Se você for daqueles que acham que não têm medo de nada, cuidado. Leia o Dr. Augusto Cury ou o neurocientista Pedro Calabrez se preferir. Só uma dica repetida e outra não.
A ponte
Alguns tem medo de cruzar e outros não gostam ou não sabem construir.
Mas todos nós temos uma relação psíquica com uma ponte.
Quase todo mundo que eu conheço tem um pouco de medo de pontes.
No meu caso esse medo já foi uma fobia. Um trauma psicológico originado na infância. Hoje desmistificado porém, não superado totalmente. ( Para minha vergonha)
Antes de se separarem meus pais moravam em fazendas. Viviam se mudando por conta da função que ele exercia de administrador.
E já naquela época trabalhava para o conhecido empresário e fazendeiro sergipano Jorge Prado leite na cidade de Estância.
Dono da fábrica Santa Cruz que está na foto deste texto.
Uma das fazendas dele onde nós moramos ficava próximo a referida fábrica e tínhamos que passar por uma ponte que era de tábuas e dava para ver o rio lá embaixo, sempre que precisávamos ir ao centro comercial, ao médico ou a qualquer outro lugar.
E eu, criança medrosa, superdimensionava essa profundidade.
Então tinha verdadeiro pavor e passava olhando para o ponto de chegada ou para o cabelo preto e liso do meu pai que dava para ver por baixo do chapéu de abas largas, pois sempre que tínhamos que cruzar a ponte, ele me levava no colo. Até então eu era a filha mais nova e mais doente também.
Um dia meu pai precisou carregar umas sacolas pesadas e eu tive que atravessar a ponte andando. Meus passos curtos não deram conta da empreitada e eu acabei pisando no vácuo e caindo com uma das pernas suspensas no ar.
Meu pai largou as sacolas e me agarrou pelo braço. Lembro que foi tão forte que chegou a doer mas todos ficaram tão pálidos que eu não chorei de dor, só de medo e susto.
Parte das coisas da sacola cairam no rio. Minha mãe e minha irmã, passado o susto, pegaram nas minhas mãos até o final da ponte. Mas o trauma já havia se instalado no meu cérebro.
Desde então eu empacava na cabeceira da ponte. Nunca mais passei a pé.
Graças a Deus meus pais logo saíram de lá, mas quem conhece Estância sabe que tem muitas pontes. Em fazendas sempre tem e algumas são de tábuas. Até hoje eu não consigo cruzar uma ponte a pé. Nem a de cimento sobre o Rio Piauitinga. Nunca. Só passo sobre se estiver dentro de um meio de transporte.
E é isso.
A vida invariavelmente é cheia de pontes. Algumas com "rios" lá embaixo, outras só o "chão seco" mesmo.
Umas de tábuas, outras de concreto e ferragens. Umas longas, outras Curtas. Umas estreitas, outras largas. Com fissuras ou sem fissuras.
E o medo que se tem de cruzar essas "pontes" não se originam delas. Do seu formato físico. Mas das experiências ruins com elas que você adquiriu ao longo das suas vivências.
São medos infundados para alguns, mas para outros são torturantes. Alguns tem tratamento para aliviar, mas outros simplesmente ficam no cérebro a vida toda.
Por mais que você cresça, as dimensões das coisas mudem e os seus conhecimentos sobre as pontes se ampliem.
Por isso, antes de julgar alguém por seus medos, parem e pensem: E eu? Quais são as minhas fobias? Meus medos?
As pontes que eu não consigo atravessar sozinha?
Fazer terapia psicológica é fundamental. Mas você sempre se pegará usando a resiliência da água e contornando os obstáculos. É mais fácil! Já que os caminhos são tantos, buscar o menos penoso é uma questão de instinto de sobrevivência
Cuidemos então das nossas fobias, medos, covardias para podermos transpor, ou contornar quando possível, as nossas pontes.
Adriribeiro/@adri.poesias
Falando dos nossos caminhos. De como cruzá-los com simplicidade, fé e coragem, usando a roda propulsora dos sonhos, o amor da amizade verdadeira, o afeto pela vida de cada um dos seres vivos e a poesia da alma, que transpassa para este espaço que não é físico, mas é tão concreto pra nós que chega a ficar confuso na nossa mente, venho hoje falar diretamente dos medos e fobias.
O meu medo é de "pontes".
O seu qual é? Já identificou? Ou prefere não ver e admitir?
Se você for daqueles que acham que não têm medo de nada, cuidado. Leia o Dr. Augusto Cury ou o neurocientista Pedro Calabrez se preferir. Só uma dica repetida e outra não.
A ponte
Alguns tem medo de cruzar e outros não gostam ou não sabem construir.
Mas todos nós temos uma relação psíquica com uma ponte.
Quase todo mundo que eu conheço tem um pouco de medo de pontes.
No meu caso esse medo já foi uma fobia. Um trauma psicológico originado na infância. Hoje desmistificado porém, não superado totalmente. ( Para minha vergonha)
Antes de se separarem meus pais moravam em fazendas. Viviam se mudando por conta da função que ele exercia de administrador.
E já naquela época trabalhava para o conhecido empresário e fazendeiro sergipano Jorge Prado leite na cidade de Estância.
Dono da fábrica Santa Cruz que está na foto deste texto.
Uma das fazendas dele onde nós moramos ficava próximo a referida fábrica e tínhamos que passar por uma ponte que era de tábuas e dava para ver o rio lá embaixo, sempre que precisávamos ir ao centro comercial, ao médico ou a qualquer outro lugar.
E eu, criança medrosa, superdimensionava essa profundidade.
Então tinha verdadeiro pavor e passava olhando para o ponto de chegada ou para o cabelo preto e liso do meu pai que dava para ver por baixo do chapéu de abas largas, pois sempre que tínhamos que cruzar a ponte, ele me levava no colo. Até então eu era a filha mais nova e mais doente também.
Um dia meu pai precisou carregar umas sacolas pesadas e eu tive que atravessar a ponte andando. Meus passos curtos não deram conta da empreitada e eu acabei pisando no vácuo e caindo com uma das pernas suspensas no ar.
Meu pai largou as sacolas e me agarrou pelo braço. Lembro que foi tão forte que chegou a doer mas todos ficaram tão pálidos que eu não chorei de dor, só de medo e susto.
Parte das coisas da sacola cairam no rio. Minha mãe e minha irmã, passado o susto, pegaram nas minhas mãos até o final da ponte. Mas o trauma já havia se instalado no meu cérebro.
Desde então eu empacava na cabeceira da ponte. Nunca mais passei a pé.
Graças a Deus meus pais logo saíram de lá, mas quem conhece Estância sabe que tem muitas pontes. Em fazendas sempre tem e algumas são de tábuas. Até hoje eu não consigo cruzar uma ponte a pé. Nem a de cimento sobre o Rio Piauitinga. Nunca. Só passo sobre se estiver dentro de um meio de transporte.
E é isso.
A vida invariavelmente é cheia de pontes. Algumas com "rios" lá embaixo, outras só o "chão seco" mesmo.
Umas de tábuas, outras de concreto e ferragens. Umas longas, outras Curtas. Umas estreitas, outras largas. Com fissuras ou sem fissuras.
E o medo que se tem de cruzar essas "pontes" não se originam delas. Do seu formato físico. Mas das experiências ruins com elas que você adquiriu ao longo das suas vivências.
São medos infundados para alguns, mas para outros são torturantes. Alguns tem tratamento para aliviar, mas outros simplesmente ficam no cérebro a vida toda.
Por mais que você cresça, as dimensões das coisas mudem e os seus conhecimentos sobre as pontes se ampliem.
Por isso, antes de julgar alguém por seus medos, parem e pensem: E eu? Quais são as minhas fobias? Meus medos?
As pontes que eu não consigo atravessar sozinha?
Fazer terapia psicológica é fundamental. Mas você sempre se pegará usando a resiliência da água e contornando os obstáculos. É mais fácil! Já que os caminhos são tantos, buscar o menos penoso é uma questão de instinto de sobrevivência
Cuidemos então das nossas fobias, medos, covardias para podermos transpor, ou contornar quando possível, as nossas pontes.
Adriribeiro/@adri.poesias