Eu e uma taça de blues
Ao que não trago solução, guardo nas gavetas empoeiradas da espera onde são veladas pelas expectativas de um futuro brando em respostas claras, ainda que duras e fartas de talvez.
Ao que não trago solução, um brinde em taças tintas, ao som manso e profundo do blues que fala mais a mim que o simples silêncio.
Ao que não trago solução, deixo as interrogações tão costumeiras que nunca se findam, mas que se sobrepõem a cada simples sinal do enfim, pois eis que sou movida por questões que me impulsionam, como falso amigo a beira do abismo a incitar um passo a mais.
Ao que não trago solução, deixo inundar-me de notas secas, a fim de que toda consciência se desvaneça e me leve ao profundo apagar das horas, até que o sol nasça rasgando mais um dia sem guia, sem bula, só gula e sede diante do mar da vida, única fonte ilusoriamente interminável a se doar diante de mim.
Ao que não trago solução, não declaro guerra... Na verdade, já não a quero mais, não mais... ergo bandeira de paz... até que tudo se afogue em novo esquecimento, e sendo esquecido, se torne simples, simples como todas as revelações em tempo hábil, útil, que se desfazem na pressa de saber enquanto não há solução.