A morte

Traiçoeira, a morte está sempre à espreita.

Escondida na esquina lhe esperando.

No poço de águas profundas.

Na navalha. Na corda e no tronco da árvore.

No caco de vidro. No pulso. No trânsito.

Na dor. Na solidão.

A morte é solitária. Sorrateira. Não amada. Querida por muitos. Pavor de outros mais.

Está na decepção. Na depressão.

A morte está no veneno. No desejo de acabar com a dor.

Está no ônibus. No acidente. No hospital.

No fundo do quintal.

A morte, essa infame! Está no tempo. No ponteiro.

Na maldade. No desespero. Na desilusão. No mal de amor.

No remorso. No arrependimento. Na culpa. No suicídio.

A morte está na vida. No espinho. No bichinho.

Está no mundo. No mistério mais profundo.

Está na transição. É necessária. É certeira.

Voluntária. Involuntária.

A morte é certeza única. Descabida. Irrevogável.

Tangível. Palpável.

Está na velhice. Na infância. Na crueldade. Na arma.

Nas mãos. Na prisão. Nos bares. Nos lares.

A morte está no futuro. No passado.

Na realidade.

É o apagar das luzes. E o acender da novidade.

Cyntia Pinheiro
Enviado por Cyntia Pinheiro em 26/03/2021
Código do texto: T7216514
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