Lugar seguro

Minha voz ecoa sozinha. Ninguém por perto. Divorcio-me da palavra, assumo os vazios, as lacunas nas quais não cabe nada além do silêncio. A palavra me olha irônica e distante.

Então, abraço minha solidão, mas ela não me permite dançar.

Seus passos são de asfalto, chumbo, melancolia.

Ela retém. Faz parar. Faz olhar pra dentro

Não há movimento. É em sua estaticidade que voo,

Me alimento

É um estar em mim e não desejar sair

Por fora dos vidros fechados, embaçados de respiração

Não é possível perceber seu abraço, seu apelo, seu não.

Seu colo é o lugar mais seguro

Sua verve, minha inspiração.