NA DIALOGICIDADE ENTRE VOCÊ E EU (Eu e o parapentista, o voo dele me leva ao meu voo, mesmo só vendo-o)
Do topo serrano, mais alto de minha cidade, ponho-me de pé a
contemplar pilotos voadores de parapentes a pairar sobre as montanhas
rochosas, que enaltecem a beleza do meu lugar. Nesse instante, meu espírito
nem pulsa, fica inerte. Esse é o desatino de minha ficção, que deixa-se levar
pelas aventuras do outro e entrega-se ao lapso de um rapto e sobrevoa lado a
lado do parapentista sob o amplo espaço sideral.
O piloto levou-me a um voo livre que há de chegar ao meu destinado
pouso, e nesse embalo, arrancou-me calafrios, pois a competição estava
acirrada e, sem palavras, alegrei-me! Diante do cenário, rodeado de nuvens,
pássaros a voar, em que o sol já começava a se pôr. e o coração arfante
disparava por ver a noite chegar, repentinamente passei a olhar o nascente e
só então, percebi que os raios solares já declinavam-se e o coração batia
descompassadamente. Submetendo-me a ver a realidade dos últimos instantes
que configuravam-se num piscar de olhos, vi a chegada de um vento que
prenunciava uma tempestade.
Nessa dialogicidade entre você e eu, chega-se a hora de parar com
nossa viagem sideral irracional, que torna-se um iminente descritível de um
piloto tão inesquecível, que a mente não consegue decifrar entre o eu e Jú.
Então o piloto parapentista decolou. Mas, na real, retornou ao racional e
aterrissou em espaço firme e diagonal.