(Des)caminhos

Tenho vagado pelos vãos da poesia

Num deserto seco e árido

Na inexistêcia do sentir

Divago buscando o arrepio perdido

Tentando agarrar-me a algum resquício

Algum verso esquecido

Que paira em meu abismo criado

Agonizando neste submundo de mim.

Não tenho retido sentimentos

Nem alegrias

Nem os versos

Estes, estão suspensos no ar

Esvaindo-se em meu próprio universo

Nada detém-se em meus (des)caminhos

Sou como folha ao vento

Sem raizes, sem moradia

Sem contentamento.

Procuro-me na poesia

A tempos vejo-me como um eco

Num cenário, um enredo

Que nunca foi meu...

Fui longe demais, peguei carona

Em ermos sentimentos

Que não tem nada de meu

De nossa essa inexistêcia

Resta ainda tudo que acumulou-se

Que sufoca em gritos mudos

Em mim escondidos

Querendo sair

Querendo existir

Natimortos, do meu sentir

Que definha, esvai-se como bolhas de sabão perdidos nessa imensidão

Trazendo a frustração, o enfado...

Preciso achar-me nessa escuridão

Nesse deserto sem emoção

Preciso transbordar os versos soltos

Que estão a mendigar um pouco da minha atenção

Preciso saciar a sede da aridez do meu coração.

Se não for a poesia trazer-me a vida, fazer-me pulsar outra vez

Jaz morta minha alma

Pedante nessa escassez

Vagando peregrina saciar-se de sentimentos, sem o balsamo dos versos

Neste infindo tormento.