Lírio avoliado
Espaço branco mental que deixei ocupar nesta devassidão de doces lírios que já não me animam cuidá-los. Os campos de outrora verdes que tanto amei, agora são murchados por avolia. Avolia espiritual essa que me aperta o coração por toda vez que devaneio em intuições circulares que não me levam a lugar algum. Sabe, esta avolia é aporia, ela tão incerta quanto sua própria proposição; não sei a verossimilhança dela para finalizá-la como concretização. Talvez tudo seja falta de um propósito, talvez seja a ausência de incômodo metafísico, não sei, ou todo meu campo que cuidei tenha levado um ataque vespas venenosas.
Anedonia da carne em saber que o relógio vira mais um segundo enquanto branquidão mental só está crescendo em sua girada de minutos. Estou deitado vendo os minutos passarem enquanto a inexistência significativa de estar aqui mata meus lírios com seu magnânimo vendaval. Olhai os lírios do campo devastados por avolia de fé e veja como vossas aves morrem em seus ninhos e quanto os lírios definham, assim como vossos homens (Salomão) que também vestem avarezas e mentiras. Senhor, não há nada, só vejo o branco e esse branco não me é tão branco quanto vosso eterno brilho paliativo.