Um fim de tarde rumo ao nada.

Ao chegar do trabalho gosto de dar um trago numa cachaça.

O que se segue é sentar numa cadeira de vime, que não é de vime, e olhar para o céu.

Ao menos ao céu que eu tenho.

Azul e as vezes manchado do vermelho do fim da tarde.

Nuvens que formam psicodélicos desenhos.

(Psicodélicos na minha cabeça pelo menos)

Isso porque não vejo nelas bichinhos fofinhos, mas bizarras criaturas que lutam contra o vento que insiste em desmancha-las.

Também sempre espero a passagem de aviões que passam de tempos em tempos.

Fico imaginando as pessoas nesses aviões

Conversando, lendo, tentando imaginar como será sua chegada e estadia em seu destino.

São vidas que passam por cima da minha cabeça e ignoram minha existência.

Assim como eu ignoro a delas

E mesmo assim elas seguem com suas vidas.

Eu sigo com a minha.

Que depois desse trago de cachaça

De todo esse observar,

Todo esse imaginar,

Volto pra minha insignificância,

(Que aliás nunca saí)

E para o sofá da sala assistir o jornal

E mais uma vez, ver a vida alheia passar

Juntamente com a minha

Rumo ao nada.

14.03.21

Sesamo