Dias arrastados

Hoje acordei sentindo o peso dos versos que não escrevi

Senti todo o peso das palavras que tenho sufocando num canto vago, entre tantos da minha minha alma.

Hoje está dificil respirar, o ar parece do meu peito se ausentar

Estou exausta, meu corpo se arrasta por entre o vácuo dessas palavras.

Hoje sinto um gosto amargo na boca de tanto mastigar a dor

Sinto um frio por dentro, e vejo tudo ao redor fragmentado, alguns vestigios do passado ou presente...já divago,

não sei o que pensar.

Sinto uma vertigem, estou perdida dentro de mim, soterrada pelos escombros do que restou, de tudo que ja vivi.

Tornei-me um expectadora em própria vida, uma clandestina a vagar, um coração exilado sem norte sem ter onde repousar.

Estou acorrentada, desnorteio meus passos, embriagada do fel amargo de tudo se perdeu no caminho, bebendo cada gole das palavras sem nomes

sem versos, que permanecem soltas em desalinho.

Pontas soltas do meu desatino, coibindo, coexistindo entre a loucura e a razão

Arrastando-me a um precipicio, lá onde o vazio existe e ocupa uma imensidão

O lugar dos esquecidos, onde todo encanto que um dia existiu, deixou de fazer sentido.

Esses dias que duram uma eternidade, que revolve as entranhas, que mostram toda a severidade que arranha, que sangra, virando a alma do avesso, trazendo à tona as sombras, a poeira de tudo foi intenso, que agora é nada que sufoca, e engole minhas palavras.