O Ato

Começar é sempre o mais difícil.

Depois, é só seguir e acontece sozinho. É como mágica. Na verdade, é magia...

A Grande Arte.

E somente ela me restou como conforto último diante da implacável impotência indigna que me acossa e me faz esmorecer. Preciso dessa força. Preciso tanto dela como sempre precisei antes mesmo de saber que seria. Que seria só mais um...

Dentre infinitos nenhuns...

Necessito tanto desse abrigo que não me deixa ser abatido pelo mais voraz atirador, desse cruel tirano que usurpou meu comando e que agora exige que eu me renda. Não sem uma boa luta.

Eu também sou o ódio.

Mas não posso odiar esse destino...

E isso é tão contrastante com minha doce maneira de me enganar e acreditar que as cores que vejo são reais... as pessoas são boas... todas elas... a nostalgia me guiando para antes do nascimento e me acalentando com seu toque de mistério...

E eu decido ser amor.

Não é fácil. Não. Nunca é.

Ainda agora me pergunto se essa é a melhor decisão.

É uma porta estreita.

E daqui de meu abrigo ainda posso me dar ao luxo de olhar para a frente de batalha e contar os corpos, com a angústia suficiente para encher uma folha em branco eu me perdoo com um lamento...

E um grito. Silencioso como a voz de Deus...

Um ato solitário.

Tanta dor... tanto sofrimento... o engano imperando e desviando a atenção sobre a dádiva... Um labirinto arquitetado com uma saída que sempre será encontrada por qualquer um que ouse adentrá-lo. O inevitável cessar e sua cortina para o encontro com o que se é...

Como um despertar...

Um gracejo tímido que tenciona conquistar a maior das riquezas... Uma decisão que pode pôr abaixo um reino. E ela está tão próxima... tão clara... invisível para tantos olhos...

A oportunidade. A única. A chance. A tua. A minha.

A Vida!

Ela, apenas ela. Um fato. Uma sentença e uma benção. Dependente de uma escolha, que seja clara...

Então... comece...

Aja.

Edgar Lins
Enviado por Edgar Lins em 08/03/2021
Código do texto: T7201622
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