Oito de Março

Desde o ventre, o medo da progenitora:

"se for menina, vai sofrer! Que venha homem, pra não morrer!".

Nasce uma serva: criada para criar, para varrer, para chorar.

Mas não era para ser assim: ela pode voar!

E ela cresce com medo de ter voz:

Pois se ela fala, ele não vai gostar, ele vai bater, ele vai matar.

E tudo continua bem, com ela a sete palmos do chão.

E o mundo continuará sendo o mundo.

Com menos flores, com menos colo.

E em mais um oito de março estamos aqui, ainda com medo, mas muito mais fortes.

Por que a força nunca foi escolha e sim natureza.

Por que a natureza também é mãe e é mulher.

E disso, muitos tem medo.

Que possamos ter orgulho do ventre, do seio, do sangue;

Orgulho da estria, da ruga,

Orgulho por estar vida, depois de tanta luta.

E juntas lutemos para ter direito ao que não precisava ser conquistado:

poder ser mulher

E ser o que se quiser.

Sara Alencar
Enviado por Sara Alencar em 08/03/2021
Código do texto: T7201588
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