Oito de Março
Desde o ventre, o medo da progenitora:
"se for menina, vai sofrer! Que venha homem, pra não morrer!".
Nasce uma serva: criada para criar, para varrer, para chorar.
Mas não era para ser assim: ela pode voar!
E ela cresce com medo de ter voz:
Pois se ela fala, ele não vai gostar, ele vai bater, ele vai matar.
E tudo continua bem, com ela a sete palmos do chão.
E o mundo continuará sendo o mundo.
Com menos flores, com menos colo.
E em mais um oito de março estamos aqui, ainda com medo, mas muito mais fortes.
Por que a força nunca foi escolha e sim natureza.
Por que a natureza também é mãe e é mulher.
E disso, muitos tem medo.
Que possamos ter orgulho do ventre, do seio, do sangue;
Orgulho da estria, da ruga,
Orgulho por estar vida, depois de tanta luta.
E juntas lutemos para ter direito ao que não precisava ser conquistado:
poder ser mulher
E ser o que se quiser.