Vagando

Ela vê tudo ficar sem cor

Olha ao redor, e a vida perdeu o tom

Vê sentimentos sinceros agonizarem

Vê a fonte que jorra amor secar

Corações tornarem-se um solo árido

Estério, um deserto sem dimensões.

Observa a inexistência do brilho no olhar,

Vê esses mesmos olhares apáticos, buscarem no vazio algo que preencha suas vidas que há muito tempo deixaram de sonhar, tornaram-se abismos

Os dias se arrastam, os poetas divagam, num estranho mundo, tentando manter viva a chama, falam daquilo que já não se vive, já não se sente, não arrepia.

Um mundo onde a magia que move a vida, os sentimentos que fazem valer cada dia... Hoje são páginas ao vento, tantos sentires, resumidos na estrofe de uma poesia.

Caminha entre a loucura de insistir que o amor ainda existe em algum coração que resiste, ou ser normal aceitando que o amor virou uma historia ultrapassada... Um vago sentimento banal...

Ela, coração de poeta, persiste em seu ideal de acreditar, mesmo cambaleante nessa árdua jornada, em sua busca por almas intensas que ainda versejam o amar.

Ela continua vivendo em seus poemas  mais uma louca, a propagar o amor dos outros, em suas quimeras, a divagar suas crenças...

Não aceita esse mundo frio, dessa gente de coração maligno, incapazes de conjugar o verbo amar, em seus mundos de consumismos, alienados a tudo que na alma permanece.

Ela mergulha em seu mundo paralelo, de versos soltos, a observar ao longe em silêncio, a agonia de um mundo perverso, que vaga de um lado para outro...

na busca incessante do fim.

Observa inquieta esse mundo de horrores, de conquistas imediatas, rasas, que perdeu toda a essência de existir, que não enxerga mais a magia de tudo que a pressa jamais poderá possuir.