Imagem/LReinhardt
grafite c/intervenção digital
(a arte é filha de seu tempo, disse alguém)
Varrendo o quintal do tempo Zocha amontoa as folhas mortas. Folhas sopradas pelos ventos que encaracolavam -se entre os galhos das árvores. Zocha toma distancia com o olhar até as montanhas violáceas. A distancia parece curta de onde está no quintal até as montanhas. Ela se autop percebe, é filha das montanhas, nasceu entre elas no planalto gelado das araucárias. O gélido frio que lhe toca obriga-a aos pulôveres grossos tecidos por suas proprias mãos. A fiação continua. Aos dez anos teceu o promeiro pulover. E depois outros e outros para todos os irmãos. O cheiro da terra é o seu proprio cheiro. Tem na cabeça o mesmo lenço para se proteger do sol com aquele chapéu sob o qual ri e chora. As montanhas violáceas ao longe lembram_ lhe que tem que molhar suas buganvilias, mas também lembram-lhe que tem subir à colina para depositar flores naquelas lapides. Seu olhar perde-se. Prende o lenço que está a desamarrar e pode criar asas e sobrevoar pelas memórias que dilui entre as tintas. O tempo é curto, há muita coisa por fazer.
Os caes do vizinho ladram. Os lampioes estão acesos. A noite é do silêncio e dos pirilampos, pensa Zocha, milhares de estrelas faiscam no céu. Coloca uma dália no copo com água. Talvez amanhã ela esteja num quadro.
Depois de algum tempo outro tempo e a cadencia de novas realidades..Zocha não pode aprisionar o tempo perdido, ele escorre de qualquer jeito do leito das mãos. Feridas como crateras abertas se expõe ao sol do deserto das cotidianidades. As mesmices sangram os sonhos. Lembra daquela pequena janela quando adolescente espelhava a sua sombra. Era uma sombra descompreendida. Nao sabia do tempo que rasga as sombras no espelho. Nao sabia o quanto doía tropeçar na propria sombra. Nao sabia que já carregava o peso das sombras e teria que caminhar com elas num campo minado.Mãos firmes para segurar a carroça ao abrigo contra os vendavais , As vezes a carroça é como uma carruagem adornada e a conduzimos em direção ao precipicio. Depois, dentro da cratera os cadaveres dos sonhos, os esqueletos das ausencias. Zocha sobre a prancheta tenta iluminar o rosto que desenha das sombras. As olheiras afundam, a lágrima borra e mais um desenho rasgado.
grafite c/intervenção digital
(a arte é filha de seu tempo, disse alguém)
Varrendo o quintal do tempo Zocha amontoa as folhas mortas. Folhas sopradas pelos ventos que encaracolavam -se entre os galhos das árvores. Zocha toma distancia com o olhar até as montanhas violáceas. A distancia parece curta de onde está no quintal até as montanhas. Ela se autop percebe, é filha das montanhas, nasceu entre elas no planalto gelado das araucárias. O gélido frio que lhe toca obriga-a aos pulôveres grossos tecidos por suas proprias mãos. A fiação continua. Aos dez anos teceu o promeiro pulover. E depois outros e outros para todos os irmãos. O cheiro da terra é o seu proprio cheiro. Tem na cabeça o mesmo lenço para se proteger do sol com aquele chapéu sob o qual ri e chora. As montanhas violáceas ao longe lembram_ lhe que tem que molhar suas buganvilias, mas também lembram-lhe que tem subir à colina para depositar flores naquelas lapides. Seu olhar perde-se. Prende o lenço que está a desamarrar e pode criar asas e sobrevoar pelas memórias que dilui entre as tintas. O tempo é curto, há muita coisa por fazer.
Os caes do vizinho ladram. Os lampioes estão acesos. A noite é do silêncio e dos pirilampos, pensa Zocha, milhares de estrelas faiscam no céu. Coloca uma dália no copo com água. Talvez amanhã ela esteja num quadro.
Depois de algum tempo outro tempo e a cadencia de novas realidades..Zocha não pode aprisionar o tempo perdido, ele escorre de qualquer jeito do leito das mãos. Feridas como crateras abertas se expõe ao sol do deserto das cotidianidades. As mesmices sangram os sonhos. Lembra daquela pequena janela quando adolescente espelhava a sua sombra. Era uma sombra descompreendida. Nao sabia do tempo que rasga as sombras no espelho. Nao sabia o quanto doía tropeçar na propria sombra. Nao sabia que já carregava o peso das sombras e teria que caminhar com elas num campo minado.Mãos firmes para segurar a carroça ao abrigo contra os vendavais , As vezes a carroça é como uma carruagem adornada e a conduzimos em direção ao precipicio. Depois, dentro da cratera os cadaveres dos sonhos, os esqueletos das ausencias. Zocha sobre a prancheta tenta iluminar o rosto que desenha das sombras. As olheiras afundam, a lágrima borra e mais um desenho rasgado.