Ponto
Fazia algum tempo que vinha tomando banhos no escuro. No escuro dos meus pensamentos. O escuro no qual meus pensamentos mais sombrios habitava.
O escuro.
A ausência de luz.
A luz no fim do túnel. Ela não existia.
No escuro se encontrava meus olhos. No escuro se encontrava meu ser. No escuro se encontrava o amanhecer. Parece confuso, mas o escuro estava tornando tudo obtuso. Tudo duvidoso. Tudo doloroso. Eu via os feixes de luz adentrando nos azulejos esbranquiçados do banheiro. Observei a silhueta dos ferros da janela desenhos na parede. Gostaria de sair por aquela janela e me sentir livre, embora a liberdade muitas vezes seja sinônimo de prisão.
Mas tudo bem, sem pressão. Talvez um dia eu conseguiria sair daquela ilusão.