Todavia

Como descrever o amor

Daqueles encontrados nos livros

Nas páginas amareladas do tempo

Tão ausente em nossos sentidos.

Escrevo sobre a dor pungente

Do nó que sufoca o peito

Dos sonhos que pairam dormentes

Da verdadeira essência contida em tudo que escrevo, em tudo que min'alma sente.

Sou amor em toda profundidade

Sou aquilo que sinto ou senti de verdade

Mas não peça pra falar de ser amada

Esse afago eu nunca vivi,

Busco as lembranças ja mortas

Nas dobras do tempo, poetizo outros amores, que espio pelas portas

Ou o desejo que jaz hoje frio, na alma que o vento levou, o gemido distante

Num romance empoeirado na estante.

Mas posso falar do que sinto, que traz na pele o arrepio,

O calor que aquece-me do frio

Desse amor ausente, tão escasso na vida da gente

Posso falar do pôr do sol que avisto pela janela

Posso falar das minhas lágrimas sinceras

Posso falar dos beijos ardentes dados

Poetizo a dor, o vazio, a história, o passado.

Posso falar de utopias, de sonhos

Posso ser o amor que imaginei, todavia

O tempo de espera frustou

Que sente a angustia dos corações partidos

Do amor que vive preso nos livros.

Posso falar do amor que aconteceu

No coração do poeta

No poema

Do amor que aconteceu num pedaço de papel.