Diz um Escritor

Não quer ser ninguém mas escreve pensando em multidões feridas pelo mesmo ou aproximado sofrer. Não quer ser ninguém mas anseia que pela autoria se confira um “sou”, existo e contribuo. Não quer ser ninguém mas esboça incansavelmente -que chega a cair suor da testa- rabiscos para as sombras de si e também para aquelas formas turvas vizinhas, que são percebidas pelo som do choro, mas que do claro, tal sonoridade só se traduz através de um suspiro profundo de rendição ou recomposição.

Sendo assim...

Quer ser alguém! Pois aquilo que chamamos de humanidade, não o permitiu ser cruel, primeiramente consigo e depois pelos que nas mesmas sombras gemem. Seu "não querer" ser alguém não significa passividade, preguiça, indiferença. Até seria se não existisse a interação quase que forçada com os acontecimentos do dia a dia... Não querer ser ninguém, é arriscar um salto na totalidade potencial de si, exposto ao erro e/ou acerto, sem as amarras das expectativas de um público exigente. 

Andrêi Baruk
Enviado por Andrêi Baruk em 25/02/2021
Reeditado em 18/06/2023
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