O manicômio
Havia um manicômio dentro de mim. Azulejado e dum azul esfomeado à espera do meu fim. O vaso sanitário era um foço de marfim, entalado de dizeres abafados do hospício que vivi. A cela mal cabia o que senti. Aprisionaram meu sorriso envergonhado e meus sonhos que mofaram para um dia refletir. Estava na hora de ir embora e da loucura renasci. Virei palhaço e do artista enfeitiçado virei gente por aí. Poeta de rua, da lua, da grua. Poeta-pintor dos sonhos que escrevi. Virei liberdade e prisioneiro da saudade. Virei ator. Virei santo, padre e pecador. Não posso cantar no bar, mas no violão eu canto. Com amor.
à Adilson Tiamo, o profeta do amor.