O rapé
A floresta lhe morava desde que aprendeu a nascer. As árvores e o riacho, que mais pareciam afagos, o silêncio ao anoitecer. Os caboclos em unção e o sopro, o vento que invade o corpo, e a cura do medo e da dor. Treme em frio e calafrio, e trêmulo abre-se aos espíritos bons. A floresta lhe retém. Os tambores soam um soado abafado. Vislumbra visões dos descarnados. Clama pra Jurema e pro Caboclo da Mata, clama por saúde porque o resto é nada. Reza os rezos dos santos, e a força do rapé sagrado lhe invade pro encontro de alma. Silencia. Cura os medos e os receios, e sente os espíritos no entorno do si. Ninguém fica em pé. Do sopro e do pó surge outro, mais forte e mais puro e mais pronto. Surge outro em devir guarani.