Ardo

Nascera do útero de uma poesia calma. Logo vieram as palavras, página à página, e as farpas do futuro se tornaram traças. Crescera feito um grito que rasga, um urro que estilhaça. Crescera feito nada. Vieram as rugas e as marcas, e os tempos de ontem se tornaram migalhas. Amara a lua e as muralhas, aguara os ventos e as almas. Envelhecera como um anjo bardo, um contador de histórias nato, um sofredor do inesperado. Viera a riscar os próprios traços. Vivera por experimentar o acaso. De tanto enlaço, de tanto causo, morreu poema.