Tantos passos eu tive que dar e resplandecer na distância até chegar a mim mesma e me descobrir revolucionária em busca da felicidade. Vieram os anos e a permanência daquele milésimo de segundo, entre um click e um piscar de olhos que mudou a minha história. A minha existência desprendeu-se de mim e os sentimentos confessaram o meu segredo em PLENILÚNIO -, me senti aliviada. Enquanto eu vivia os meus sonhos, a vida elaborava as minhas asas para o momento exato do meu primeiro voo. Era certa a maneira do voo e da paixão legendária emplastrando de amor todo aquele espetáculo entre as colunas de águas coloridas e as calçadas estreitas em meio às tardes suarentas . Eu sempre quis estar naquele lugar, desde sempre o meu olhar se fixava nas pedras que pareciam boiar nas águas do rio ou acompanhando o singular voo dos pássaros por sobre os varais. As religiões me falavam do tempo e dos sinos, como se o espírito daquele homem e o meu fossem, um parte do outro - uma pintura de Gossaert revelando a nudez diante do paraíso. A réplica de todos os amores e a perfeição nostálgica dos corpos se encaixando enquanto a tarde morria lá fora.