Liberdade - A conquista de uma raça
O que nos pertence de direito!?
A liberdade a qualquer preço.
Creio que está muito além das estrelas
Escondida nas lágrimas de um negro.
Que não pediu pra nascer
Só queria viver e poder sonhar,
realizar-se com os seus,
ser ele mesmo e nada mais....
Resgatar seu mundo perdido,
condenado e sentenciado
por um tempo árduo.
Anos que não voltam mais (!?)
Uma cultura lembrada, viva...
Que veio do pó, na poeira
Esplanada nos cantos, no solo.
Manchada pelos brancos - tiranos.
Um epíteto de injúrias, mesquinhez e mediocridade.
Sabemos o que acham que somos!
Escravos tratados como bichos,
esquecidos e discriminados,
chicoteados por sua cor.
Onde estão as leis?
Talvez apenas no papel.
Ocultas na ilusão de uma sociedade
radical e idealista.
Formada de pequenos - grandes hipócritas.
A miscigenação podre do preconceito.
Palavras sábias, hão de valer,
abolicionar os nossos dias...!?
Haverá um dia que elevarão
a alma de um negro,
com dignidade e orgulho.
Sem medo e menosprezo,
Fome e desconforto.
De mais a mais - um porto
pra sentir-se seguro.
Eu juro, que nas entrelinhas
de um olhar verdadeiro;
hei de ficar no veio
E não chorar, fugir, sangrar...
Quero reconhecimento!
No íntimo, uma amizade que toca o coração.
A mansidão que invade o pensamento.
Vem de Deus ou de Luanda, a fuga pro mato
Em direção a lua - lágrima e lamento.
O sofrimento pelos seus,
O rompimento aos grilhões.
No fim da estrada, pés descalços..., alusões.
Palmares é logo ali (reverenciando a fortaleza dos guerreiros).
Barbas brancas negras ao vento
Serão momentos, marcas de um povo lutador
Ora frio, ora calor
No universo tosco da senzala.
Sente a revolta, que não sacramenta o amor.
Onde estás agora? Do lado de lá?
Bem longe de sua cidade.
És do fogo e da noite,
da brisa e do o (dor).
Uma nação, num espaço vil e imoral.
Pra que saber da mística forma natural
Que faz-me índio, mulato, mameluco,
cafuzo e marginal.
Sou de nenhum lugar...
Sou a rua e sei, que lá fora a chuva cai,
e Iansã molha a face branda.
Ecoa-se um grito de fé.
Misturam-se as lágrimas
num estereótipo de sangue.
Agora, comovidos todos estão.
Sentidos e cansados.
Apenas um brilho no rosto atro.
O inebriante orgulho.
Um pássaro segue a caminho do sol.
Divaga livre e leve, um voo iluminado.
Ali, marca-se a história do meu antepassado
E pra depois de uma expressão lânguida de íra, estampado em mais um século de paz,
pra Zumbi a glória, um canto de liberdade.
A conquista no sorriso de mais uma criança negra que nasce.