A CASA

E a mulher

Que entra em casa,

Com olhos críticos e atentos:

Há poeira, coisas fora do lugar,

Mal entra, cumprimenta o marido e...

Começa a reclamar!

E a dona da casa, que chega falando

Do trânsito, do chefe, do preço da comida, da fila, do mercado, do salão,

E da amiga tão querida, que simplesmente a deixou na mão?

Seu companheiro mal tem tempo

De lhe dar um beijo, um afago, um aceno sequer...

Resguarda-se então das "trovoadas" repentinas e tenebrosas,

Que muitas vezes até já saltam da cama, logo ao amanhecer!

Mas... não foi sempre assim

Seus olhos já foram curiosos e faiscantes,

Entravam naquela mesma casa

Com vontade de construir, realizar, criar, incentivar, organizar...

Seu corpo era mais leve e livre,

Sem a submissão da moda a estações e estilos

Seus pés calçavam pisantes mais confortáveis, e não sapatos chiques,

Que lhe traziam calos e joanetes!

Seu noivo, agora marido, era fascinado por sua empolgação e alegria,

E fazia tudo para ficar do jeito dela... Que lindo!

Mas isso passou.

A dona da casa e a noivinha feliz de outrora um dia se foram.

Para sempre.

De mãos dadas? Talvez.

A viuvez a deixou mais insatisfeita, exigente, rancorosa, desagradável, ranzinza, pessimista...

A casa.

Pura solidão.

Cássia de Castro
Enviado por Cássia de Castro em 16/02/2021
Reeditado em 25/02/2021
Código do texto: T7185743
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