A CASA
E a mulher
Que entra em casa,
Com olhos críticos e atentos:
Há poeira, coisas fora do lugar,
Mal entra, cumprimenta o marido e...
Começa a reclamar!
E a dona da casa, que chega falando
Do trânsito, do chefe, do preço da comida, da fila, do mercado, do salão,
E da amiga tão querida, que simplesmente a deixou na mão?
Seu companheiro mal tem tempo
De lhe dar um beijo, um afago, um aceno sequer...
Resguarda-se então das "trovoadas" repentinas e tenebrosas,
Que muitas vezes até já saltam da cama, logo ao amanhecer!
Mas... não foi sempre assim
Seus olhos já foram curiosos e faiscantes,
Entravam naquela mesma casa
Com vontade de construir, realizar, criar, incentivar, organizar...
Seu corpo era mais leve e livre,
Sem a submissão da moda a estações e estilos
Seus pés calçavam pisantes mais confortáveis, e não sapatos chiques,
Que lhe traziam calos e joanetes!
Seu noivo, agora marido, era fascinado por sua empolgação e alegria,
E fazia tudo para ficar do jeito dela... Que lindo!
Mas isso passou.
A dona da casa e a noivinha feliz de outrora um dia se foram.
Para sempre.
De mãos dadas? Talvez.
A viuvez a deixou mais insatisfeita, exigente, rancorosa, desagradável, ranzinza, pessimista...
A casa.
Pura solidão.