Quero muito...
Quero muito,
Encarar a minha hipersensibilidade para os meus sentimentos negativos,
Acordo mal humorado, já julgo que o dia vai ser péssimo,
Falaram o que não gosto de ouvir, fico chateado,
Chego tarde no trabalho, julgo-me incompetente,
Terminei um relacionamento, lá vem a frustração,
Passa a música que detesto na rádio, aí fica fácil, mudo de estação,
Mas porque razão quando me sinto abatido, frustrado, mal-humorado, ansioso, decepcionado, irritado, deprimido, não mudo de estação de rádio na minha mente?
Será que me apego à minha música mental negativa, depreciativa e maledicente?
Será que julgo ser os acordes dos meus sentimentos, a batida do meu humor, a sonorização da minha voz crítica?
Mas que melodia é essa que me deixa de rastros, de onde vem, quem a está a redigir?
Quem é o maestro da minha orquestra mental?
Eu? sim eu,
Confundo-me com os instrumentos da minha dor emocional,
Sigo ao seu ritmo,
Um ritmo empobrecido pela minha incapacidade de segurar na batuta e impor o meu compasso,
Ilusoriamente fui-me deixando conduzir,
Fui deixando que a música da minha vida passasse a ruído estridente de instrumentos sentimentais mal calibrados,
Mas eu ainda sou o maestro,
Sou aquele que pode escrever, ler e fazer expressar uma nova partitura,
Posso orientar e fazer soar adequadamente todo o meu conjunto instrumental,
Emoções, crenças, atitudes, pensamentos, sentimentos, voz crítica, tudo está sob o meu comando,
Oriento, e faço tocar a música que quero ouvir,
Faço tocar o que ouço,
Ouço o que faço tocar,
Que bela melodia é tocada no meu aparelho mental.