Sentir
Sentir às vezes é um problema.
Ou alimenta a alma em sua magnetude insustentável.
Ou fomenta a fraqueza da existência.
Sentir em sua finalidade primária
Nos torna sensível a ter que sentir.
Nos faz entender:
Que é preciso deixar as águas rolarem.
Os rios seguirem seu percurso.
Em risos largos ocupando seu espaço.
Sabendo que pessoas entram e saem.
Saem e entram da sua vida.
Entendendo que delas partem a decisão de ir ou ficar.
Sentir é um processo árduo que exige renúncia.
Demanda delicadeza, sultileza e sensibilidade.
Para sentir de verdade o outro em suas várias mutações.
É uma transposição.
Se deslocar ao lugar do outro.
É senti-lo em profundidade.
É navegar por mares desconhecidos.
É, talvez uma viagem sem volta.
É ao fim um ato de empatia.
Sentir é comprar a causa do outro.
É viver a dor do outro.
Pelo simples fato de se enxergar nele.
É ser afeto, é ser tristeza, é ser amor e delicadeza.
Sentindo que a vida é uma constante mutação.
E que somos envolvidos por ela.
É ensinar que é possível florir no inverno extremo.
E o deserto sombrio é habitável.
E que a dor é tão suportável quanto a existência.
Que se é forte e frágil ao mesmo tempo.
É abrir mão de eleger o herói e o vilão.
E entender que em qualquer dimensão.
A batalha entre o ser e o não ser
é intríseca a existência humana.
E que sentir...é tão necessário quanto respirar.