ao fim do dia (ou como será o que não se diz)
E depois da presença da lua majestosa, entregue a secretos desejos, sem saber do que viria, dormiu. Se sonhou ou se o sono confortou o rebelde coração, nunca se saberá. Todavia, tão logo os primeiros raios de sol beijaram aquela manhã, sentiu-se, como nunca antes, aliviada por saber que não se enganara.
Desde o começo, sem explicar a razão, sentia que novos tempos estavam a caminho. E desde que se sentira assim, ninguém ignonava que por onde passava tudo em volta se renovava. Como uma espécie de fragrância de Fênix, porém mais belo que Vênus e mais veloz que Hermes, perscrutava o dia como, se ao fim da estrada, surgirá Van gog com girassóis embrulhados e noites estreladas como testemunhas de um tempo único.
Tudo, desde que descobriu que mesmo depois do vendaval o jardim continua florir, tudo já não assustava como quando era criança. Conforme novos sentidos e sentimentos descobria, dizia, para si e a quem lhe perguntava, que não sentia falta de nada. Que viver em dependência de outro, como uma classe de parasitas, não era seu ideal de vida. E sorria.
Jaz sobre a mesa da cozinha um livo de receitas. Talvez faça bolo, pão. Talvez não faça nada. Talvez nem toque no livro. Por que deveria tocá-lo, talvez respondesse a quem lhe perguntasse, enfim. Despiu-se. Deitou.