Conhecer o mundo
Não me fartaria conhecer o mundo.
Conto mesmo é percorrer alguém: passear por seu corpo, contemplar o pôr-dos-seus-olhos e amanhecê-los lentamente, até que brilhem por inteiro.
Quero fotografar em mim cada nuance do seu riso.
Andar pelas cidades de um coração, parar numa esquina e velar a voz que, de longe - e avidamente -, canta e aspira.
Quero visitar seus pontos turísticos, seus becos escuros e suas vielas.
Conhecer cada construção milimetricamente planejada e arquitetada para depois, quem sabe, ser detida por tentativa de roubo ou dano ao patrimônio público.
Quero, nua, nadar de olho abertos em oceanos profundos, aprendendo a distinguir todos os verdes e azuis do seu mar.
Alçar vôo até o céu de sua boca, provar suas raras especiarias, fixando na pele cada nota dos seus aromas.
E depois de uma longa viagem, atravessando-o de norte a sul, fazer pouso em seu peito, dormir meu corpo e descansar minha alma para sempre.