DOIS PASSOS, UM DESCOMPASSO
De passos firmes a cambaleio
Velho virei sinfonista.
Tatuado, come-ópio. De Vivaldi a Tchaikovsky.
De poeta, revolucionário, guerrilheiro, comunista.
Palhaço sem circo, sem graça. Água na boca
Pela moça novelista.
Quero comer gente boa.
Nunca quis ser canibal. Pra conceber um artista.
Dar caviar aos urubus e churrasco aos cachorros.
Largar a mulher maravilha.
Dizer adeus a essa porra.
Vou boicotar os EUA
Mesmo que a China não morra.
Somos do bem ou do mal.
A linha que nos separa é tocável.
Limita-se no nada a Paz.
O bem daqui é o mal de lá.
Diz: não estamos em guerra.
Paz com os bancos e os tributos.
Guerra com o filho e a esposa.
Paz às drogas e aos astutos
Amigo do coronavírus
Inimigo do vizinho
Do outro lado do muro.
Esqueceu de globalizar
A tal de felicidade.
O gameta que não furou o óvulo é esquecido
Ficou na parte da maldade.
O diabo é aquele lá, ó.
Eu, praticante da putaria
Sou o santo, o sagrado.