DOIS PASSOS, UM DESCOMPASSO

De passos firmes a cambaleio

Velho virei sinfonista.

Tatuado, come-ópio. De Vivaldi a Tchaikovsky.

De poeta, revolucionário, guerrilheiro, comunista.

Palhaço sem circo, sem graça. Água na boca

Pela moça novelista.

Quero comer gente boa.

Nunca quis ser canibal. Pra conceber um artista.

Dar caviar aos urubus e churrasco aos cachorros.

Largar a mulher maravilha.

Dizer adeus a essa porra.

Vou boicotar os EUA

Mesmo que a China não morra.

Somos do bem ou do mal.

A linha que nos separa é tocável.

Limita-se no nada a Paz.

O bem daqui é o mal de lá.

Diz: não estamos em guerra.

Paz com os bancos e os tributos.

Guerra com o filho e a esposa.

Paz às drogas e aos astutos

Amigo do coronavírus

Inimigo do vizinho

Do outro lado do muro.

Esqueceu de globalizar

A tal de felicidade.

O gameta que não furou o óvulo é esquecido

Ficou na parte da maldade.

O diabo é aquele lá, ó.

Eu, praticante da putaria

Sou o santo, o sagrado.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 06/02/2021
Reeditado em 06/02/2021
Código do texto: T7177937
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