A PRESENÇA DE AUDREY
Indescritível era aquele sol morrente espiando pelos poros da cortina enquanto os meus olhos passeavam a suavidade daquelas palavras. Eu não sabia onde depositar o meu olhar, se nas frutas sobre a mesa ou pelas paredes com seus hóspedes silenciosos e belos. Nossas risadas marcaram o tempo na ausência de relógios e seus ponteiros afiados quais lanças quixotescas. Fixo em mim havia um pensamento: A felicidade é tão clara e tão precisa que ilumina! Este pensamento só foi interrompido pelo tilintar das xícaras sendo postas sobre a mesa, enquanto na cafeteira a água se preparava para extrair do café, a cor, o aroma e o sabor forte e amargo. Toda uma eternidade se fez entre o ferver da água e o derrame daquela bebida quente e perfumada. Um violão e a sinuosidade musicada ganhou vida. A música saiu dos lábios, do risos e dos olhares, na transparência do que eu penso ser a felicidade. Então aconteceu a alquimia da água e do calor e o cheiro do café tomou conta do ambiente. Foi nesse instante, que ouvi um ruido à minha direita. Quando olhei de soslaio, qual não foi minha surpresa ao ver Audrey descendo do quadro preso à parede, vindo sentar-se à mesa para uma xícara de café ( ! ). Fiquei muda, sem ação não podia arrancar de meu interior a surpresa de tal fato. Me pareceu tão íntima e era-me de sobremodo impossível qualquer comentário - me calei - Audrey serviu-se de uma xícara de café e graciosamente em sua beleza, sentou-se junto a nós apoiando os cotovelos sobre a mesa e arqueando as sobrancelhas, olhou-me. Por um instante esperei uma palavra, no entanto ela apenas olhou atentamente para logo a seguir baixar os olhos para sua xícara de café e bebericar delicadamente enquanto ouvia a musica____ era, talvez, um tango ou um bolero ou Pink Floyd. Foi numa tarde de domingo...
imagem: foto: Audrey Hepburn
Bonequinha de Luxo - 1961
Indescritível era aquele sol morrente espiando pelos poros da cortina enquanto os meus olhos passeavam a suavidade daquelas palavras. Eu não sabia onde depositar o meu olhar, se nas frutas sobre a mesa ou pelas paredes com seus hóspedes silenciosos e belos. Nossas risadas marcaram o tempo na ausência de relógios e seus ponteiros afiados quais lanças quixotescas. Fixo em mim havia um pensamento: A felicidade é tão clara e tão precisa que ilumina! Este pensamento só foi interrompido pelo tilintar das xícaras sendo postas sobre a mesa, enquanto na cafeteira a água se preparava para extrair do café, a cor, o aroma e o sabor forte e amargo. Toda uma eternidade se fez entre o ferver da água e o derrame daquela bebida quente e perfumada. Um violão e a sinuosidade musicada ganhou vida. A música saiu dos lábios, do risos e dos olhares, na transparência do que eu penso ser a felicidade. Então aconteceu a alquimia da água e do calor e o cheiro do café tomou conta do ambiente. Foi nesse instante, que ouvi um ruido à minha direita. Quando olhei de soslaio, qual não foi minha surpresa ao ver Audrey descendo do quadro preso à parede, vindo sentar-se à mesa para uma xícara de café ( ! ). Fiquei muda, sem ação não podia arrancar de meu interior a surpresa de tal fato. Me pareceu tão íntima e era-me de sobremodo impossível qualquer comentário - me calei - Audrey serviu-se de uma xícara de café e graciosamente em sua beleza, sentou-se junto a nós apoiando os cotovelos sobre a mesa e arqueando as sobrancelhas, olhou-me. Por um instante esperei uma palavra, no entanto ela apenas olhou atentamente para logo a seguir baixar os olhos para sua xícara de café e bebericar delicadamente enquanto ouvia a musica____ era, talvez, um tango ou um bolero ou Pink Floyd. Foi numa tarde de domingo...
imagem: foto: Audrey Hepburn
Bonequinha de Luxo - 1961