Quê cé qué?
Pelas ruas de pedra ouropretanas
Meu passo de homi simples
Soergue com tanta vergonha
Ao ouvir os gemidos muitos
Lapidados pela história farta.
Que labuta nóis tem todo dia
Sobe ladeira, desce buraco
Enfia nos brio das gema
As esperanças de dias vindouros.
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Fazê o que se só sei polir o bruto
Em pedra dura perto do rio
E nas horas vagas não sei se rio
Dos desenhos que vendo na igrejinha.
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Quê cê qué? Nóis semu forte
Lutemo desde o parto
Para que nenhum safado
Raleie cum nóis de mão suja.
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Cê qué o que? Que me cale?
Não Sinhô! Quem foi que sismô
Que não tenho valô
Se eu luto com suor e louvô?
Eu que tenho no sangue mineiro
Um pouco de Mestre Ataíde prontinho
Pra interagir com Aleijadinho!
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Então não me calo, porque cê sabe
Falso silêncio inquieto é subserviência
(Sim, aprendi palavra difícil
mesmo parecendo impossível)
Pra um cabra sem eloquência.
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Como a escravidão
E as doenças da servidão
Fizeram no chão lágrimas
Hoje essa pandemia
Levou nossa alegria
De vender nossa labuta em arte
E a fome que há muito não raliava de nóis
Voltou pro povoado de forma veloz.
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E cê qué o que?