A Borboleta
No chão estava,
Me arrastando, arrastando
E todos olhavam
E diziam, rindo, rindo:
"Olha ali: a boba que acha
que é alguém nessa vida."
E eu ouvia e comia,
O pão que o diabo amassou
e fiquei farta desse mundo.
Chutei o balde,
Fechei as portas de casa,
As janelas todas.
No escuro e só.
Olhei pra mim:
"Olha eu aqui!"
Estou viva e sozinha
E isso é bom.
Então costurei minhas asas,
Pintei suas cores,
Saí do casulo.
Ainda ando farta desse mundo
De mentiras e falsidade,
Mas agora voando,
Voando me afasto
Desse mundo pequenino
Daqueles que detestam
O voar do outro.
Sara Alencar / SP/ 01/2021