Saquinho de Ossos
Na calçada falava com o velho sobre como os animais sentem
Tal qual o cão, a vaca, o porco também podem ser de estimação
Eles retribuem carinho, querem atenção
E para mim, não serviam de alimento
Quando os vejo em confinamento
Seus olhos repassam o medo
De serem o jantar de amanhã
Em segundos - na magia que as ruas contém -
Passa outro velho de poucos dentes,
Mas fez-se em sorriso por que carregava consigo
Uma nova amizade
A galinha, carijó franzina
Me olhava de bico aberto em seus braços
Não com temor, mas sim como se dissesse:
_Agora encontrei o amor
E o velho feliz lhe deu um nome
Saquinho de Ossos foi viver em seu quintal
Na sombra da mangueira reinaria feliz
Era o céu da galinha.