A Caixa de Botões
Ainda adolescente o pai lhe dera uma caixinha de botões brancos de plástico
Um simples objeto empoeirado
Pra uma família em dificuldades
E a menina julgou inútil
Por décadas a caixa permaneceu no fundo do armário
Esquecida até pelo vento
Até que em um momento
O botão de uma camisa se perdeu
Da caixa de botões veio então o primeiro substituto
Seis anos depois, um belo vestido de abotoar
Ressurgiu da bacia de lavar sem um botão prateado
E novamente da caixa foi tirado o seu sucessor
Certa tarde um sobrinho no alvoroço
Perdeu o botão das calças
E novamente ela alcançou a velha caixa atrás das colchas
Através das décadas a caixa se mostrou pertinente
Os cabelos brancos vieram, e filhos, e netos
Todos eles perderam um botão, e todos eles passaram pela linha
E ganharam um botão branco de plástico
E agora estava lá então
No leito fria e imóvel
Mas em cada membro da família
Em cada guarda roupa da árvore genealógica
Havia um pedacinho de si, nas linhas, e nos botões.