A fábula do galo careca
Catamilho era um frango careca
Crescia num terreno acanhado
Onde pouco fazia por falta de palco.
Um dia de Sol que nem era feriado
Enfiado num jacá com outros galináceos
Foi vendido ao açougueiro da cidade
Que o jogou no meio do terreiro do quintal
Por achá-lo magro tal qual um varapau.
No novo lar fez muitas amizades
Do galo Tomás até a dona Empáfia.
(Um ilustre despertador e a rainha da postura).
E o nosso herói subiu ao palco como um novo Sol
Pois aprendeu a cantar, quanto a marcar hora.
Não muito chorava com a perda constante
Dos seus novos irmãos e irmãs
Já de muito acostumado ao abate
De aves e outros habitantes das nossas matas.
Bem treinado pelo padrinho Tomás
O galo tinha habilidade inata pra relógio marcador.
Acordava toda gente das cercanias
Na hora própria e sem nenhum error.
Isso tornou mais longa a vida do frango,
(Já mais gordinho e bem crescido
E até no meio da calva uma bela crista),
Que a do despertador do açougueiro
Que cansado se fingia de enguiçado
E foi substituído pelo relógio sem badálo
Que nada mais era que o careca do nosso galo.