O Coronel e o Poeta
1912.
Coronel sangue no olho
Sem coração
Arma empunhada
Coronel de fazenda de cacau
Homem rude
Homem rico
Homem desumano
Mata sem dó e sem piedade
Coronel jorgeamadiano
Voraz e temido
Mulher e filhos
Mulher submissa e filhos submissos
Amantes na capital
Coração que olha e toma posse.
Teu sangue pulsa óleo de dendê
Cachaça tolhida da cana rolê
Coronel de Itabuna dono de fazendas
na região grapiúna
homem que ajoelha e reza a santa Maria
coração seco, duro e temido a Deus!
2021.
Seus cacauais mortos, recolhidos em páginas
Rasgadas em bibliotecas mofadas de esquecimento.
Coronel estampado na lívida essência do passado.
Um dia ele amou, odiou, teve poder,
Mas sua descendência malsucedida virou escárnio
Numa fila de banco para pousar em suas mãos
O mísero auxílio de sua pobreza.