Ninho

É terrível carregar o peso de mil amores

Ser alvo do amor do presente, que haveria de ser uma dádiva, me sobrecarrega com as dores e agruras dos amores de outrora

O que se havia dantes, agora me faz prisioneira das expectativas que se querem que eu atenda

Sou pássaro livre, que me acolho no ninho com alma livre e carinho cativo, enquanto no ninho estou

Fora do ninho sou de mim, ma pertenço e a ninguém mais

Me amo livre, leve, solta, plena, rebelde, de mim e de mais ninguém

Quando pouso, o faço por querer, pelos quereres e por querer bem

Quero bem ao recitar, ao molhar, ao beber, ao café que quebra a manhã preguiçosa e as tardes jocosas

Busco no ninho a paz que me relaxa e me faz deitar, entregue pelo prazer deleitoso, no carinho de depois

Fora do ninho quero me contemplar, dividir comigo os olhares sobre a cidade, me encantar com as novidades, desvendar mistérios, desvelar o oculto ou apenas ser

Fora do ninho sou minha e só a mim pertenço

Fora do ninho me divido apenas comigo mesma

A beleza do ninho é ser ponto de descanso e preparo para novos vôos

E quando se volta ao ninho é por saber que lá há o alimento que se permite continuar livre e ter forças para continuar a voar

Passarinhos não pousam em gaiolas por saber que não mais serão livres, mas sempre voltarão ao ninho

Aline Fernanda
Enviado por Aline Fernanda em 30/12/2020
Código do texto: T7147731
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