Não estou pronta pro amor
Não estou pronta pro amor que anseia, devaneia
Não estou pronta pra ser musa, ninfa
Destinatário de odes, liras infindas
De sofrimentos Shakespeareanos
De amores profundos, cujas mazelas afogam a alma e lançam ao abismo aqueles que os contém
Sou fluída, sou rio, sou mar
Águo e deságuo num sem número de nascentes, percorro cursos diversos me dividindo em infinitas vertentes
Sou água, não sou contida, mas contenho, vidas e regatos
Não estou pronta para o amor represa, amor barragem, amor contenedor
Não estou pronta para o amor “é minha”, ao amor que marca a pele, que imprime suas marcas, que demarca sua posse
Não estou pronta para o amor sufoco, nem para o amor que sufoca
Quero o amor sem pressa, sem espera
Que apenas está
Que é eterno enquanto acontece, quando acontece
Só estou pronta para o amor quando ele não for amor, mas apenas tardes de recitais, de rimas, de poesia, sem esperas e sem agonias