Todos Correm
Por Nemilson Vieira (*)
Corre o tempo e não percebo, o vento, a brisa suave, o medroso, do perigo.
No seu leito, resolutas, correm às águas para o mar. No céus livres, sem se aquietarem, correm as nuvens, nas correntes de ar.
Políticos no tempo certo correm atrás dos votos, do poder… No poeta, corre à prosa, a rima, o verso, a poesia.
Os anos correm depressa também; a minguar os dias.
Nas artérias, veias e capilares, correm os nutrientes vitais. Dos olhos, as lágrimas sentidas, alegres, fingidas.
Nos trilhos, correm os trens; num sentido e noutro, em constante vai e vem.
No trabalho, corre o suor, do rosto do trabalhador; nos idosos, às dores pelo corpo.
Nas festas, correm solta, a alegria; no papel, à escrita fluída, coesa, harmônica, sucinta, bonita…
Nos tribunais correm as ações de todo a natureza; nos jornais as notícias copiadas, repetidas, fatídica; nas estradas correm os transportes de pessoas, de produtos…
Os barcos correm nos rios, lagos, mares; nas reuniões religiosas, correm as folias, as orações, as salvas…
Correm os aviões a voarem nos ares. Na cadeia alimentar, há correria, entre presas e predadores… Os ratos correm dos gatos; as baratas dos escorpiões, as cobras dos gavões, das pauladas do homem.
Das dívidas, correm os maus pagadores… Apolícia, atrás dos infratores; as más notícias, correm longe, mais do que as boas.
Para socorrer os seus pacientes, correm os doutores. Os atletas correm nas pistas, nos gramados, nas quadras, nas piscinas a nadarem.
Os policiais se embrenham atrás dos meliantes; os garimpeiros, atrás do tesouro.
O dinheiro corre minguado ou solto na praça de mão em mão, de bolso em bolso; os pecadores, correm da graça.
Os abutres correm para as suas carniças; os delinquentes para o crime…
Os processos correm em segredo de justiça.
Precavidos, devemos tocar a vida numa correria de sempre… Sem correr atrás do lucro ninguém fica.
*Nemilson Vieira
Acadêmico Literário.