Aos pés do Mestre

Àqueles que me chamam docilmente de anjo, encontrando-me no casulo, dou minhas asas, para fazer a viagem que desejarem

Àqueles que me esperam com arma em punho, dou minha razão, para esbulharem-na. Quem sabe, recebem a graça do convencimento de que perderam muito tempo comigo na luta.

Àqueles que esperam de mim mais amor, equanimidade, temperança e justiça, dou a soberana compreensão de ser gente sem resposta para as questões que nos acometeram sem pedir licença, levando todos a sorrirem e serem por detrás das máscaras, impedindo as criança e jovens a dirigirem-se para a escola, de abraçarem seus entes queridos, de muitos, não verem nunca mais aqueles que tinham em afeto, que morreram à minga por falta de ar, não comendo a leitoa e o peru de natal com eles.

Àqueles que me entendem, que jamais me entenderam, e os que nunca me entenderão, e os que não tem interesse de me compreenderem, confesso que continuo sentindo escorrer Alma afora o vibrante fulgor no coração, que autoriza-me seguir intrépida, segura de que era para estar aqui, sobejando no acerto da esperança, que insiste não abandonar meu barco.

Somos as únicas testemunha de nós mesmos, aqueles que viveram cada minuto e segundo do ano de dois mil e vinte no particular.

Chego neste dias festivos de final de ano conseguindo colocar a cereja sobre o bolo, podendo distribuir os pedaços do bolo a guerreira que fui, à vilã, à sobrevivente, à fracassada, à heroína, à falida, à doente, à curada, à maga, à mística, à carente, à solitária, à romântica, à peregrina, à poeta, à espiritualista, à religiosa fora do ninho, à ausente, à justa, à injusta, à obtusa, à falha, à ilibada, à humana, mulher que andou no avesso da vida, emergindo na superfície como o espumante ao champagne.

Olhar para frente é a sugestão deixada por aqueles que fizeram a escola da vida na Terra, o preparo para o inesperado é a dica do forte.

Neste dia que comemoram o nascimento de Jesus, o Cristo, a Terra, coração dos homens, necessita do apetite de vida, estar para a vida.

O mestre deixou-se aqui, dizendo:

Quem de mim se alimenta, por mim viverá

Se alguém tem sede, venha a mim e beba

Cristo propôs vida, e vida com abundância à semente, alma vivente que se sente no mundo fora dele.

Valho-me da oportunidade de estar na fileira, para do Mestre receber, aprender a comer das suas palavras, buscadora do ser digna da fome e da sede de vida, vida, vida!!!!

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 25/12/2020
Código do texto: T7144022
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