No mar que havia em seus olhos
Estáticos, vibrantes. Um universo esverdeado fácil de se perder. Um mar, nada fácil de navegar, pela fúria silenciosa contida na calmaria que se esconde por detrás da doçura cálida, vez por outra fria, mas sempre efervescente. Tal como os de Capitu, traziam consigo o estigma derradeiro: “oblíqua e dissimulada”. Boca silenciosa, que diz mais que a própria boca pode falar.
Estes esverdeados olhos. Malditos esverdeados olhos. Dizem, confundem, deturpam os sentidos mais viscerais. Malditos olhos esverdeados, dupla perfeita. Fatal eu diria. Que estupidamente arranca dos outros o sorriso de vê-los cintilantes. Que arrancam-nos o maldito sorriso...
Conjunto harmônico, os lábios que, exuberantes como a dona, formam fatalmente a conjuntura perfeita, ao aliar-se aos malditos verdes olhos. Escondem ali desejos, anseios, medos. Dissimulam fortemente o mar agitado que bate no peito, ora batendo, ora apanhando. Dissimula fortemente o desejo que queima, que exala. Não, não é qualquer pessoa que tem o privilégio de sentir. Não. A escolha, dissimulada, é feita a dedo, sim.
Há quem diga que ali, no mar que havia em seus olhos, não se via nada mais que a ingenuidade de uma mulher sonhadora. Bobagem de quem assim pensava...