Fado
Vim, involuntariamente.
Ainda vou, voluntariamente, sorrindo.
As xícaras do café dentro da pia, as faíscas de pão sobre a mesa, os netos foram embora.
São 16:00 hrs da tarde.
O Bem-Te-Vi soa em cima do portão, o vento roda a saia da cortina bege. Alegrias x Solidão.
O sol enternece se desfazendo, esmaece sem lá muitas forças: mostra sua cor tangerina na nuvem gorda, mais azul que branca.
Olho novamente a pia e as migalhas de pão sobre a mesa; a preguiça do sol aderi: passos lentos ao recondito, um quarto.
Vejo as rosinhas no travesseiro de mamãe desbotadas, com tantas saudades dormidas e lutos sarados; afundo a fronte no jardim de tecido ralo.
Fado.
Peguei carona na saudade.
Sofri todos os lutos antes que acontecessem.
Julgaram-me frio, falso e insensato.
Ninguém poderia entender simplesmente, que nasci cansado.
Obs: Fado, significa destino.