A figueira branca
Lá ficava ela
Toda imponente e frondosa
Às margens do riacho
Em cima da pedra grande
No meio da mata atlântica
Com suas raízes enormes e longas
E copa fechada e exuberante
Que serviam de moradia e abrigo
Para vários pássaros e mamíferos
De vez em quando...
Depois que chegava da lida
Meu pai corria para lá
Sentava em uma de suas raízes
Com o velho violão nas mãos
E arriscava algumas modas boas
Enquanto, ela balançava feliz os seus galhos
Exibindo a sua linda e verde copa
Eles trocavam confidências
Meu pai falava das suas conquistas
Dos seus sonhos e frustrações
Eles não se largavam, eram melhores amigos
E foi assim, por várias décadas
Hoje, meu pais se foi...
A figueira branca, ainda continua lá
Não sei por quanto tempo
Abandonada e desfolhada
Ao lado do riacho poluído
Numa imensidão de tristeza
Que é de doer o coração.