Festas.
Reflexões a respeito das festas do final de ano.
Falo um pouco por mim e um pouco pelas pessoas neste ano fatídico. Eu já perdi minha mãe e minha vó, que mantinham a mesa cheia de gente nas festas. As matriarcas foram. Sobrou eu. Que não consigo exatamente unir como elas. Como sou alguém profundamente resiliente, eu sigo unindo amigos, descendentes e os colaterais que ainda me amam. Mas falta um pedaço. É diferente.
Só que eu nunca gosto de pensar só no que acontece comigo, com a minha vida, minha família ou núcleo. A humanidade é incontávelmente maior. Esse ano foi ano de mortes em massa. Pandemia. Um ano de reclusão, de fechamento. Acho que a ceia deve remeter à gratidão pela oportunidade de permanecermos vivos, de respeito à memória de tantos que foram pegos de surpresa pela morte e não chegaram até à mesa do Natal e Ano Novo. Que em 2019 tomaram um refrigerante ou mesmo champagne (é assim que se escreve?), Imaginando seus próximos doze meses e como seria dali um ano. E que não estarão fisicamente conosco para aquele abraço recheado de sonhos e projetos pra 2021.
Depois que a gente perde alguém que sustentava nosso edifício interior com afeto, os dias podem ser bons, pela gratidão de ter havido a presença. Pela promessa de nos mantermos bem. Mas sejamos sinceros, falta um pedaço.
Por isso, este ano, que nossa esperança e nossa alegria sejam dedicadas aos que partiram antes de nós. Que nossa postura seja de respeito à vida.