O Silêncio que Fere
Alguns ecos não saíram do papel, onde o fraseado invertido, sumariamente destoava o pensamento solto e indisciplinado.
Gritos frustrados que abafaram quando precisavam ser gritos, e nada mais que um gemido conseguiram acentuar.
Vozes que sentiam escorregar de distonia, as mãos trêmulas que encruavam nos bolsos com receio de gesticular.
Palavras não ditas, comunicação arruinada pelos ruídos que não evoluíram para canto, narrativa ou força de expressão.
E na improdutiva célula do silêncio não ouviu-se perdão ou lamento, nem oportunamente, se descreveu o que sentia.
Promessas vagas numa mente vã, fizeram do estímulo um pecaminoso ato, não havia vigor para dar o passo e decidir pela fala.
Angustiante voz que não se libertou, não vibrou, e ainda foi coagida por outras funduras de medo e quereres silenciados.
Finda-se num mergulho deprimente, e tormento profundo pelo risco de atingir não a si somente, caso escoe pelo ralo da amargura.
Triste interrupção de uma vertente de autonomia, de possível voz de valia, de uma presença de corpo, alma e coração.
CarlaBezerra