Travessia
Lá vou eu, derramando-me como água,
perdido como um vadio no nascer da noite,
totalmente lúcido pela loucura da vida,
é hoje, deu hora, é agora, o momento
esplendoroso de ser todo entrega,
tal qual o egoísmo.
O cheiro discreto da morte já me cerca,
e nem vou deixar um bilhete de despedida,
se nunca fui, se nunca estive, não há razão
para dizer um adeus...sendo parte do nada
sou tão eterno quando ele.
Não chorem, não valho uma lágrima de quem
já me amou, não que o valor não me habite,
mas sou descrente demais para crer mesmo no
ínfimo valor que um dia me rogaram...e como me rogaram,
salve um deus! Tendo feito a travessia, estarei entregue
nos braços do maior barqueiro que há...não há razão para
tristezas. Vou com ele...Uma cerveja Tiriri?