Travessia

Lá vou eu, derramando-me como água,

perdido como um vadio no nascer da noite,

totalmente lúcido pela loucura da vida,

é hoje, deu hora, é agora, o momento

esplendoroso de ser todo entrega,

tal qual o egoísmo.

O cheiro discreto da morte já me cerca,

e nem vou deixar um bilhete de despedida,

se nunca fui, se nunca estive, não há razão

para dizer um adeus...sendo parte do nada

sou tão eterno quando ele.

Não chorem, não valho uma lágrima de quem

já me amou, não que o valor não me habite,

mas sou descrente demais para crer mesmo no

ínfimo valor que um dia me rogaram...e como me rogaram,

salve um deus! Tendo feito a travessia, estarei entregue

nos braços do maior barqueiro que há...não há razão para

tristezas. Vou com ele...Uma cerveja Tiriri?

Profano
Enviado por Profano em 09/12/2020
Reeditado em 09/12/2020
Código do texto: T7131929
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