Ninho de cobras
O que foi? Quem foi? O que me trouxe aqui?
Mais uma lasca de memórias retirada da árvore a qual já cruzei tantas vezes. É a desgraça passageira o medo que se renova a cada esquina passada.
O que foi?
Nada, mas um nada que é tudo e esse tudo não se dilui jamais. Sempre heterogêneo, possibilitando várias entradas e saídas, histórias e sensações. No fim, elas se unem e revelam ser uma coisa só: o nada de sempre.
Quem foi?
Ora, quem... O mesmo de sempre, o causador de toda essa bagunça mental. Insistente, vem como uma serpente, devagarinho, e dá o bote. A presa permite ser morta, ela gosta. Ela gosta... Descubro, então, que estou imerso num ninho de cobras.
O que me trouxe aqui?
Tudo o que já disse. Me puxaram para o finito sofrimento de usar uma máscara, a máscara das cobras. Eu posso, assim, viver sem temer totalmente, disfarçando o tempo inteiro quem, de verdade, eu sou.