Catarse, epifania ou nenhum dos dois
Hoje estava mordendo o lábio inferior direito por dentro, e mexendo de um lado pro outro ansiosamente.
No filme dos Simpsons aprendi o significado de epifania. Pra quem não sabe o que é epifania ou não viu o filme, explico que é a compreensão súbita da realidade. Súbito significa imediato, de uma hora pra outra. Deixo aqui o significado dessas palavras, não por achar que o leitor não as conheça, mas por poder encher o texto com um conteúdo útil que o torna maior e, se for o caso, aumenta o léxico.
Léxico eu não vou explicar.
Curiosamente, no filme dos Simpsons, Homer tem uma epifania logo após ver que seu casamento estava em ruínas. Ao contrário do Homer, eu estou em catarse. Caminhei ao deserto e estou lá, sozinho e diante dos meus fantasmas.
Não sei se o leitor já teve o desprazer de cair de moto. Não fossem os prejuízos físicos e materiais, recomendaria. Quando caímos, na fração de segundo entre o compreender que está caindo e o terminar de cair, vislumbramos uma sensação interessante. Sabemos o que está acontecendo, não sabemos a razão e podemos supor como vai terminar, mas não podemos fazer nada.
Viver essa fração de segundo da queda é a minha catarse. Não é possível retroceder, nem parar, só sentir o aproximar inflexível do asfalto quente das tardes de janeiro.
Na vida real, catarses e epifanias não levam a uma jornada em busca do acerto com o passado. Creio que elas levam apenas ao sorver amargo da dor em jarras cristalinas, onde a vejo esvaziar e encher, alheia a minha vontade.
Hoje lembrei da sua mania de morder o lábio inferior direito por dentro, mexendo de um lado pro outro ansiosamente.